Vou lhes contar a história de um grande amigo meu. Talvez você também possa conhecer alguém assim.
Meu amigo, o qual chamarei ficticiamente de Marcos, tinha grandes objetivos e metas. Um grande profissional de TI, que era gestor de uma grande empresa de telecom. Ele tinha uma ótima formação profissional, com MBA´s e outras formações e certificações. Foi um grande profissional, tendo atuado com sucesso em algumas das maiores empresas no Brasil.
Iniciou muito cedo na faculdade e consequentemente se formou muito cedo. Nem formado estava e já foi chamado para estagiar numa das grandes corporações de TI. Aos 21 anos, quando saiu de seu bacharelado, foi imediatamente contratado. Iniciou em cargos rasos, mas por seu esforço em gerar grandes resultados, aliado ao perfil de liderança que possui, conseguiu chegar a cargos de gestão em quatro anos. Aos 25 anos, estava coordenando uma equipe de 20 colaboradores. E assim foi até os 34 anos, onde passou por três empresas, galgando posições mais altas, conquistando maiores salários e fortalecendo cada vez mais seu currículo.
No entanto, existia algo que ele queria fazer, mas ele não sabia do que se tratava. Apesar do sucesso de sua carreira, lhe faltava um propósito, talvez um sentido. O sucesso na carreira não estava gerando a motivação que ele imaginava que teria quando alcançasse o patamar que atingiu. É como se tivesse escalado uma montanha na expectativa de encontrar um tesouro lá no alto, mas quando chegou lá, não encontrou nada. Ele chegou ao topo da montanha e não ficou feliz com isso.
E começou a se questionar sobre isso nessa fase de sua vida. Afinal, aonde ele queria chegar agora. Financeiramente tranquilo, sendo solteiro e tendo patrimônio, com conhecimento e idade para ir adiante e crescer mais, ele parou e pensou: “de que me adianta buscar outra montanha para escalar, se quando eu chegar a seu topo, não encontrarei o que quero?”.
E resolveu identificar o que realmente queria a partir daquele momento. Fez um planejamento e negociou com sua empresa um afastamento de 90 dias. E, iniciando um mergulho dentro de si mesmo, partiu em viagem para o exterior, para um destino pré-definido.
Sua primeira parada foi na Espanha, e de lá percorreu rapidamente a Europa, cruzou a Turquia, passando pela Índia, indo parar aos pés do eterno Himalaia, no Nepal. Talvez estar próximo das mais altas montanhas do planeta poderia lhe ajudar a descobrir o que realmente queria. E lá começou a conviver junto às pessoas simples e amigáveis dessa região. Ele conviveu com uma família simples e humilde que lá morava, e teve contato com as práticas budistas daquela região. Viu a felicidade na simplicidade das pessoas, assim como na disciplina que havia nos mosteiros, na alimentação com forte tendência vegetariana, nos preceitos que aprendeu. Desligado de tudo e de todos, percebeu a razão da felicidade daquele povo: a família, a simplicidade e o equilíbrio. Mesmo ao lado das maiores montanhas do planeta, não precisavam escalá-las para atingirem a felicidade.
Marcos voltou ao Brasil e pediu as contas na sua empresa com seu cargo elevado na área de TI. Fez cursos de culinária e abriu um pequeno restaurante de comida nepalesa e indiana, reproduzindo tudo que aprendeu no Nepal. Em seus cursos, conheceu uma mulher, com o qual veio a se casar e ter dois filhos.
Ele descobriu que o tesouro que ele tanto buscava era ter um lugar que pudesse juntar as pessoas, de forma simples e alegre, com o mesmo espírito que encontrou no Nepal. Encontrou na culinária seu tesouro e assim, não precisou mais subir as elevadas e duras montanhas.
Quantas vezes buscamos a felicidade no lugar mais alto, quando, na verdade podemos alcançá-la sem chegar ao topo?
E você? Aonde tem buscado seu tesouro?